VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA DA BOLÍVIA
No dia 9 de novembro de 2001, durante a madrugada, latifundiários e militares, com a colaboração de forças públicas, policiais, exército e autoridades nacionais, realizaram um massacre em Pananty, Bolívia, que resultou no assassinato de sete trabalhadores rurais, inclusive uma criança.
Deste crime, resultou também a prisão de nove camponeses dentro dos quais uma trabalhadora grávida prestes a dar a luz. Os trabalhadores feridos receberam um tratamento desumano, cruel e foram presos, e nestas condições lhes foi negado o devido direito de tratamento médico como cirurgias e medicamentos necessários.
A situação de violência contra os camponeses, movimentos agrários e indígenas vem sendo praticada há muito tempo. De 1996 a 2000, foram assassinados mais de cinqüenta trabalhadores rurais por fazendeiros, polícia e exército da Bolívia. A violência praticada em Pananty, se reproduz de formas similares em outras regiões do país (Yapacani, Canandoa etc.)
Apesar da ausência de leis que possibilitem a implantação da reforma agrária na Bolívia, os trabalhadores seguirão lutando contra o sistema de repressão, violência e pela dignidade e justiça no campo.
O massacre foi realizado contra trabalhadores e suas famílias que estavam de posse da terra há 3 anos e dela tiravam seu sustento. A área faz parte de um latifúndio e não estava produzindo e sequer ocupada na época.
Depois do massacre, o governo nacional determinou que a área fosse ocupada pelo exército que impede as famílias de trabalhares e produzir seus alimentos. O governo pretende também a retirada das mulheres viúvas e suas famílias.
Esta determinação é totalmente descartada pelos trabalhadores, pois sabem que o governo não prestará a assistência necessária a quem têm direito.
Texto adaptado para o português e dados adicionais obtidos por entrevista com Florencio Orcko, representante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) da Bolívia.
por Lucas A.