domingo, fevereiro 17, 2002

Foi bom passar uma semana no interior do Rio Grande do Sul. Principalmente os três dias de abstensão total da televisão e rádio, sem luz durante a noite e acordando aos sons dos pássaros.
Mas estou aqui por poiuco tempo. Desculpem-me a displiscência mas estou de férias e em um momento de reflexão absoluta. Novidades somente em março.
Um abraço.
por LucAz.

quinta-feira, fevereiro 07, 2002

SALDO
Contrariando as espectativas dos críticos de plantão, o II Fórum Social Mundial não trouxe maiores problemas para Porto Alegre. Alego isso me espelhando no saldo de destruição no campus da PUCRS, onde passavam cerca de 50 mil pessoas por dia nos 5 dias de evento: nenhuma cadeira ou vidro quebrado, nenhum objeto roubado, nenhuma confusão.

Os traumas se contiveram a uma perna quebrada. Eu explico: uma senhora caiu da escada e fraturou a perna. Mais alguma coisa? Quais outros danos esses “comunistas vândalos” causaram? NENHUM.

Tive a oportunidade também de participar dos shows no Anfiteatro Pôr-do-Sol e para a surpreza de muitos não foi testemunhado nenhum ato de violência por parte dos manifestantes. Salvo na última noite de shows que presenciei o início de uma confusão, mas que foi claramente começada por meia dúzia de pé-de-xinelos vagabundos aqui de Porto Alegre mesmo. Fora isso, tudo na santa paz.

Foi surpreendente observar dezenas de milhares de pessoas de toda as partes do mundo unidas por um só objetivo: a discussão de um futuro mais digno para todos nós.

Isso é a Democracia. Isso é uma verdadeira sociedade onde ricos e pobres, doutores e analfabetos se reúnem para a elaboração de um mundo melhor. Que tenha todo ano um Fórum Social com o mesmo sucesso desse e que, principalmente os líderes dos meios de comunicação em massa, transmitam nossas idéias para todos os cantos do planeta.

É evidente que isso não interessa, por exemplo, à Rede Globo de Televisão, que destinou um espaço mínimo às transmissões do Fórum e também à CNN, que não mandou nenhum correspondente para Porto Alegre.

Depois desses cinco dias trabalhando como voluntário na assessoria de imprensa do Fórum, sinto que cresci muito, não somente como pessoa, mas como cidadão. Conheci pessoas fantásticas do mundo todo, entrevistei alguns ídolos meus e aprimorei muitas idéias que pairavam minha mente.

Usando um vicioso jargão, Um Novo Mundo é Possível, sim!
por Lucas A.

segunda-feira, fevereiro 04, 2002

VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA DA BOLÍVIA

No dia 9 de novembro de 2001, durante a madrugada, latifundiários e militares, com a colaboração de forças públicas, policiais, exército e autoridades nacionais, realizaram um massacre em Pananty, Bolívia, que resultou no assassinato de sete trabalhadores rurais, inclusive uma criança.

Deste crime, resultou também a prisão de nove camponeses dentro dos quais uma trabalhadora grávida prestes a dar a luz. Os trabalhadores feridos receberam um tratamento desumano, cruel e foram presos, e nestas condições lhes foi negado o devido direito de tratamento médico como cirurgias e medicamentos necessários.

A situação de violência contra os camponeses, movimentos agrários e indígenas vem sendo praticada há muito tempo. De 1996 a 2000, foram assassinados mais de cinqüenta trabalhadores rurais por fazendeiros, polícia e exército da Bolívia. A violência praticada em Pananty, se reproduz de formas similares em outras regiões do país (Yapacani, Canandoa etc.)

Apesar da ausência de leis que possibilitem a implantação da reforma agrária na Bolívia, os trabalhadores seguirão lutando contra o sistema de repressão, violência e pela dignidade e justiça no campo.

O massacre foi realizado contra trabalhadores e suas famílias que estavam de posse da terra há 3 anos e dela tiravam seu sustento. A área faz parte de um latifúndio e não estava produzindo e sequer ocupada na época.

Depois do massacre, o governo nacional determinou que a área fosse ocupada pelo exército que impede as famílias de trabalhares e produzir seus alimentos. O governo pretende também a retirada das mulheres viúvas e suas famílias.

Esta determinação é totalmente descartada pelos trabalhadores, pois sabem que o governo não prestará a assistência necessária a quem têm direito.

Texto adaptado para o português e dados adicionais obtidos por entrevista com Florencio Orcko, representante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) da Bolívia.
por Lucas A.

sexta-feira, fevereiro 01, 2002

TESTEMUNHO 2
O segundo dia do Fórum Social Mundial foi marcado por manifestações e um início de tumulto no prédio 41 da PUCRS. Os organizadores resolveram mudar de local a tão esperada conferência do americano Noam Chompsky pelo fato da superlotação do auditório 2 do prédio 41, onde haviam espectadores esperando pelo começo do ato com até duas horas de antecedência.

Outro momento de grande exaltação foi quando o candidato à presidência da república, Luiz Inácio Lula da Silva, cruzou o saguão onde parte das pessoas que não conseguiram assistir in loco o pronunciamento de Chomski acompanhavam pelo telão. Lula foi ovacionado com refrôes do tipo "Brasil pra frente, Lula presidente!".

Já no Parque da harmonia, onde mais de dez mil pessoas estão acampadas, o maior problema é a questão do saneamento. Os chuveiros femininos atentem aproximadamente sete mil mulheres e os sanitários móveis não estão sendo esvaziados com a freqüência necessária, ocasionando um forte cheiro na parte dos banheiros.

Mas além dos problemas usuais em qualquer grande evento, as milhares de pessoas que passaram pelo campus da PUCRS nesse dia primeiro de fevereiro, estão convivendo pacificamente, participando de oficinas e fazendo manifestações de paz e por direitos iguais.
por Lucas A.